Concurso elege a mais bela entre as candidatas com manequim acima de 44

Da esquerda para a direita: Cristiane Lima, Tatiana Neves, Eduardo Araúju e Mônica Lima – Agência O Globo / Analice paron

Boa tarde pessoal

O Salão Nobre do Clube dos Advogados do Brasil, no Centro do Rio, recebe amanhã a edição 2017 do concurso Miss Plus Size Carioca, que vai eleger a mulher mais bonita do estado acima do manequim 44. Criador do concurso, o produtor visual Eduardo Araúju conta orgulhoso que a ideia de premiar a beleza feminina dos corpos considerados GG surgiu em 2010. De lá para cá, a iniciativa promoveu a autoestima de mulheres acostumadas a serem julgadas e bombardeadas com críticas por terem medidas acima do que o mundo da moda enxerga como sendo o padrão desejável.

— Ser gordo não é sinônimo de doença. O organismo de cada pessoa reage de uma forma e já passou da hora de aceitarmos que ser diferente é normal. Não queremos fazer apologia à obesidade, e sim mostrar e promover a beleza fora dos padrões convencionais estabelecidos — argumenta Araúju.

Este ano, 25 candidatas disputam a coroa e o prêmio — uma viagem com acompanhante para Buenos Aires, na Argentina —, e contrato para ser a garota-propaganda da marca de roupas feminina Citwar. Concorrem ainda a vaga na disputa do concurso Miss Plus Size Nacional, também organizado por Araúju, e que ocorrerá em novembro.

Entre as que disputam a faixa de Miss Carioca, estão a maquiadora Mônica Lima, a bancária Tatiana Neves e a vendedora Cristiane Lima. Cada uma chegou até o concurso de forma diferente, mas tem em comum a certeza de que o preconceito contra quem é considerado acima do peso ainda é marcante na sociedade.

— Sou formada em artes cênicas e ouvi a vida inteira que tinha que emagrecer. Isso se refletiu no número de oportunidades que tive na carreira. E acabei mudando de ramo. Hoje sou maquiadora e tenho um blog. Nunca tive baixa autoestima por causa do meu peso. Os outros é que parecem ter um problema em relação a isso — diz Mônica.

Tatiana conta que a pressão por emagrecer acontece dentro da família.

— Eu estava na fila para fazer a cirurgia bariátrica e descobri um problema de saúde que inviabilizou o procedimento. Tenho uma irmã que é personal trainer e meus pais são viciados em Educação Física e academia. Então, sou a ovelha negra da família. Acham que minha participação no concurso é só um passatempo, algo que arranjei para ocupar a minha cabeça. Até entre colegas e amigos sempre tem alguém que fala comigo a respeito do evento em tom de ironia. Existe muito preconceito — relata.

Cristiane, por sua vez, diz que a chance de concorrer foi a forma que encontrou de aceitar o próprio reflexo no espelho após o fim de um casamento traumático.

— Com a separação, fiquei muito deprimida. Eu me sentia feia, até porque vivi um relacionamento abusivo. Foi um processo lento até me enxergar como realmente sou. Sempre tive tendência a engordar, é algo que vem de família. Hoje em dia, quando uma amiga fala que precisa emagrecer perto de mim, já falo: você é que precisa, porque eu me sinto linda do jeito que sou — comenta Cristiane.

A vencedora será conhecida após desfile em que as candidatas se apresentarão em roupas de banho e de festa. Beleza, postura, desenvoltura, simpatia e fotogenia são algumas das características que serão avaliadas pelos jurados. Assim como as concorrentes ao título de Miss Plus Size, eles sabem que ter amor próprio é fundamental. No concurso e na vida.

 

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